sexta-feira, 30 de outubro de 2015

ANTIVÍRUS PARA CARROS? POIS É... (CONCLUSÃO)

O AMOR NÃO APERTA, NÃO PRENDE NEM SUFOCA; QUANDO ELE VIRA NÓ, É PORQUE JÁ DEIXOU DE SER LAÇO

Os veículos nacionais de fabricação recente são bem mais sofisticados do que as “carroças” do final do século passado, notadamente devido à tecnologia embarcada — fruto, por sua vez, da abertura das importações e extinção da reserva de mercado implementadas no governo Collor (vê-se daí que nada é totalmente ruim, alguma coisa boa sempre escapa). Mesmo os modelos ditos “populares” (básicos, de entrada de linha) já integram injeção eletrônica, freios ABS, vidros e travas elétricas e outros mimos impensáveis no tempo dos fuscas, brasílias, chevettes, corcéis e assemelhados. O grande “X” da questão continua sendo a ganância das montadoras e os impostos escorchantes, que elevam os preços às alturas.

Observação: É claro que a disparada do dólar reduziu significativamente a discrepância entre o que é cobrado no Brasil e nos EUA, por exemplo, por veículos de marcas e modelos idênticos, mas mesmo assim um Chevrolet Camaro V8, também por exemplo, que aqui custa R$ 210 mil, é vendido em seu país de origem por US$ 34,5 mil (cerca de R$ 106 mil, no câmbio atual, mas “apenas” R$ 79 mil há um ano atrás, quando a moeda norte-americana era cotada a R$ 2,29).

Passando agora ao mote desta postagem, talvez visando atrair os jovens consumidores ligados em tecnologia — e cada vez menos interessados em ter um carro —, as montadoras vêm investindo cada vez mais para conectar seus produtos à Internet, mas isso vem gerando mais medo do que qualquer outra coisa, notadamente no mercado americano. Somente do final de julho e o início deste mês foram registradas nos EUA nada menos do que três casos de falhas de segurança que poderiam permitir aos crackers invadir os sistemas que controlam os veículos.

Observação: Qualquer software pode ser hackeado e tudo indica que os invasores conseguirão eventualmente atacar de forma remota aplicações de veículos conectados. É praticamente impossível prevenir um ataque, de maneira que o jeito é responder rapidamente com uma solução que feche as brechas conhecidas e torcer para que outras não sejam descobertas e exploradas pelos cibercriminosos antes que os pesquisadores as identifiquem e corrijam.

A GM também foi vítima de um cracker que criou um dispositivo capaz de dar acesso aos comandos de um veículo da marca uma vez que esteja instalado nele. Mas o caso mais emblemático até agora remete à Fiat Chrysler (dona das marcas Fiat, Jeep, Dodge, Chrysler e Ram). Um recall envolvendo cerca de 1.400.000 unidades de 14 modelos está em curso para corrigir uma brecha no sistema de comunicação, que permite a invasores tomar remotamente o controle de funções do carro como o freio e motor.

Por enquanto, o Brasil está imune a esse problema, pois, segundo a Fiat Chrysler, os veículos importados dos EUA que são vendidos aqui não vêm com modem (dispositivo que permite a conexão com a Internet e serve de porta de acesso para invasores), devido à má qualidade da infraestrutura brasileira de telecomunicações. Nesse caso, o atraso tecnológico acaba funcionando como “ferramenta de segurança”.  E mole ou quer mais?

Vale lembrar que essa história não é exatamente uma novidade: entre maio de 2010 e agosto de 2011, a McAfee (divisão da INTEL responsável pelo desenvolvimento de ferramentas de segurança) reuniu um grupo de hackers conhecidos numa garagem, em algum lugar da costa oeste dos EUA, visando testar vulnerabilidades eletrônicas que poderiam expor veículos à ação dos malfeitores digitais. A conclusão foi de que a proteção contra esses riscos não vem recendo a merecida atenção por parte das montadoras, propiciando ações que vão do simples furto a colisões com consequências fatais.

Os veículos podem ser infectados de diversas formas, como através de um CD contaminado, por exemplo. Quando o usuário insere a mídia na leitora para ouvir as músicas, o código malicioso é executado pelo sistema de som do carro e percorre o restante da rede até infectar componentes críticos. No estudo foi descoberta uma combinação de ataque chamada "autodestruição", que exibe uma contagem regressiva de 60 segundos no painel digital do veículo e, quando atinge o zero, desliga os faróis, trava as portas, interrompe o funcionamento do motor e libera (ou aciona, conforme o caso) os freios do carro.

Os ataques podem se valer também da tecnologia Bluetooth (transmissão de dados sem fio), de redes de telefonia móvel, da Onboard Diagnostics Port (porta de diagnóstico dos veículos) e por aí afora. A SAE International criou uma comissão formada por mais de 40 especialistas para descobrir maneiras de prevenir, detectar e neutralizar as ameaças. Segundo Bruce Snell, supervisor dos sistemas de segurança da McAfee, “se o laptop trava, o usuário pode ter um dia ruim de trabalho, mas se o carro trava, ele pode perder a vida". E ele complementa: “Não acho que as pessoas precisem entrar em pânico agora, mas o futuro é realmente assustador". A conferir.

E como hoje é sexta-feira:







Bom final de semana a todos.